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segunda-feira, 9 de julho de 2007

Os 4 Tangueros



Os 4 “Tangueros”

Após observações, você poderá verificar que existem 4 tipos de apreciadores de Tango: Tanguero de Teatro;
Tanguero de Academia;
Tanguero “Quase”
e Tanguero Milonguero.

Em primeiro lugar, faz-se necessário dizer que o termo “tanguero”, como se verá ao final, só deveríamos aplicar ao último ...

Tanguero de Teatro: É aquele que lembra do Tango quando chega alguma apresentação em algum teatro da cidade. Não discute o preço do ingresso e vai a todas. Possui um “vasto” repertório que é de seu conhecimento, que vai de “El Choclo”, Caminito, A Média Luz, Yira...Yira, Uno, Cambalache. Ah, tem aquela do filme...(Por una Cabeza...) e a outra que sempre encerra os espetáculos (La Cumparsita). Ah, e tem aquela do “bis” (Adiós Pampa Mía). E milonga? Conhece Milonga Sentimental, mas observa que é um “tango tão diferente, estranho”. E por fim, não tem coragem de iniciar-se na dança, pois o que viu lá no palco, assume como “uma arte que é o máximo, mas que não é para os simples mortais”...

Tanguero de Academia: Criou coragem. E foi aprender aquela dança... Foi logo a uma academia, pois é mais seguro, já que lá tem aquele professor exímio e reconhecido em salsa, samba, bolero e forró, que certamente deve ensinar tango, pois soube que “”ele já foi uma vez” a B. Aires e teve aulas com os expoentes de lá... O tanguero de academia é perfeitamente reconhecível: após algumas aulas, já está “dançando tango”: sanduíches, oito com ganchos, e outras “cositas más”. Mas sente um desconforto danado quando chega às milongas: para ele, um local de um pessoal estranho, dançando curtinho, uma caminhadinha pra frente, outra pra trás, um oito aqui outro ali, tudo num espaço reduzido; nem sabem fazer aquelas figuras maravilhosas (“uma coisa simples e sem graça, ele pensa e, ainda por cima, nem usam todo o espaço, ficam somente dando voltinhas por fora da pista”...). Sente-se mais à vontade nas aulas, lá na academia...

Tanguero “Quase”: Avançou um pouco mais: vai a todos os eventos e milongas, aliás, “quase” todos. Já possui uma boa coleção de CD’s, “quase” todos os que conseguiu comprar naquela última ida à Buenos Aires. Sim, ele vai “quase” todos os anos para lá...onde pode conhecer “quase” todas as clássicas milongas (La Viruta, Canning, Niño Bien...). Mas, se não fosse o “quase”... ele seria um Milonguero!

Tanguero Milonguero: Não respira mais oxigênio, solo Tango ! Vai a todas as milongas. Gosta de sentir o ambiente, e vivenciá-lo! Consegue ouvir e sentir diferenças: Pugliese, D’Arienzo, Di Sarli, Sassoni são seus preferidos, e, as músicas: A La Gran Muñeca, Derecho Viejo, Bahia Blanca, Don Juan, integram a tanda perfeita. É humilde: está sempre buscando se reciclar; quando tem oportunidade refaz cursos básicos, para relembrar a técnica. Continuamente, poupa para viajar o máximo de vezes que puder para a terra do tango, pois sabe que lá consegue, a cada vez, captar uma nova sensação, somente possível no ambiente perfeito de uma autêntica milonga porteña. Admira o tango de palco, cuja prática o distrai, mas sente que o caminho está no salão, onde as sensações se encontram, e a frase famosa se torna realidade: “Tango, um sentimento que se baila” !.
Texto: Oldemar de N C Teixeira, Curitiba, 2006. Engenheiro, profissional do turismo há 15 anos, é diretor da empresa P1 EVENTOS e franqueador da marca “Poltrona 1 Turismo”.